domingo, 25 de janeiro de 2009

Voando alto

É muito bom voar quando os ventos estão em sintonia com o coração. A gente vai subindo e nem sente, pois tamanha é a emoção de estar ali, lá ou onde for. O medo da altura é menor que a confiança em quem me conduz. Tem momentos que meus olhos refletem insegurança, mas na maioria das vezes também parecem gostar de estar vendo de cima. A criatura que me carrega parece transportar um presente, algo de valor ou de sentimento real de quem aprecia.

Eu era pra sentir medo, mas nada é tão importante nessa hora do que voar. Já subimos juntos para muito alto, altas horas, altos papos, altas risadas. Mas logo, vem o vento forte e recuamos para o silêncio do sono. É a hora de descermos ao chão e nos afastarmos. Mas eis que no dia seguinte estaremos lá de novo. No alto, no local onde conseguimos nos encontrar e mandar nossas reais com segundos e terceiros sentidos. É a hora do nosso vôo diário que vai além do horizonte, do arco íris e do por do Sol. Vai além da imaginação.
Tem momentos que dá um prazer carnal, prazer sem prazer, não sabemos explicar. Lá em cima a gravidade nos engana. Tem desejo, isso não se nega, ainda mais quando lá de cima vejo a praia e refletida na areia uma linda criatura vestida de vermelho. Fecho os olhos não de medo, mas para poder enxergar o que me cega. Ver o que me faz enxergar a imaginação. Sem saber parecemos estar numa estória já escrita por alguém. Somos personagens que só nos tocamos no alto. Algo raro para as pessoas da atualidade e para os autores conservadores. Escrever nas alturas é isso.

Os que porventura conseguirem nos avistar devem pensar que somos loucos. Deixem que pensem. Loucos também podem voar. Tem dias que fico no chão aguardando a criatura me pegar. Enquanto isso ela esta subindo para me avistar e cheio de ousadia. E eu como passageiro louco de vontade de voar fico num sofrimento ameno até conseguir montar e me aconchegar nas asas da criatura. Tenho até prazer, mas não do jeito convencional. É um prazer harmônico, tipo estes dos livros. Coisas de personagens que se encontram nas alturas. Para ter coragem de subir e voar precisei ler o manual que a criatura me apresentou. Na verdade eram normas de segurança para uma viagem tranqüila. A regra era clara. Não tocar na parte dianteira e nem traseira. Pasmem! E eu assinei concordando em obedecer, mesmo com meu instinto assinando outra via do contrato que era totalmente o oposto. Na segunda via eu poderia tocar todas as partes e testar todos os tipos de vôos e ferramentas incluídas no tour contratado.

Lá em cima a sensação de liberdade se confunde com a de ousadia. Os lábios ficam sedentos e o peito palpitando. Parece não ser real, algo lúdico diriam os escritores desacreditados e diferentes de mim que tento escrever com o coração e enxergar também com ele as palavras que surgem durante o vôo. E certo que toda noite essa criatura surge como num sonho e nesse sonho criava identidade, trazia alegrias e despertava para uma grande personagem. A criatura é um grande romance, grande drama, grande suspense e consequentemente uma linda estória. Estória de paixão verdadeira, poética, inusitada, avassaladora, inquietante e alada. A criatura no alto de seu vôo tem razão quando rir sem parar daquele que transporta. No inicio pensei se tratar de um bobo da corte, mas depois tive a certeza que era uma forma de sacudir suas asas e ao mesmo tempo responder com a voz do coração. Os textos iam surgindo e palavras que estariam soltas aqui e ali aos poucos se juntariam. A expectativa é se tornar uma linda estória, um livro ousado que poderá ensinar outros a voarem mais alto.

Os vôos até agora foram tranqüilos e os ventos estão ajudando e nos empurrando pra cada vez mais alto. Já que ninguém pode mudar o vento preferimos deixa-lo agir.O livro começa aqui e é como o próprio destino dos personagens que não pode ser mudado. Paro para pensar... Mas não era esse o livro que eu teria planejado ? Mandando uma real: era outro enredo, outros personagens. Mas porque mudar o enredo? Coincidências não bastariam para tentar explicar. Talvez sejam várias ou apenas uma, mas a personagem que encontrei protagonizava sem saber a minha estória. A criatura já assumia sua identidade antes mesmo de seu nascimento. Coisas que acontecem. Seria uma outra mão a desenhar meu personagem, mas com a mesma visão que eu. Dificil de entender, mas fácil de aceitar. A visão de ver lá de cima uma estória que nascia no solo foi o que me fez mudar tudo e de uma forma que poucos conseguiriam, pois os outros personagens e o cenário do livro já estava montado.

De tantos acertos e erros da minha imaginação. Coincidências não bastam mesmo.Lá de cima, nos vôos, fico vulnerável as ousadias da criatura. Só escreverei o que dela brotar. Fico feliz e preocupado. Estou querendo mandar uma real, só que desta vez daqui de baixo, do chão onde consigo ter domínio dos meus atos:- Pode ser meu erro pensar que sou capaz de segurar essa criatura, de poder voar tantas vezes forem necessárias para escrever os capítulos. Mas vou conseguir. E tenho escrito!

sábado, 22 de novembro de 2008

Dengue – O Enredo dos blocos dos dengosos ou uma Arena de Luta contra os mosquitos?




O Rio de Janeiro continua lindo... O Rio de Janeiro continua sendo... O Rio que é palco do melhor Carnaval do mundo, da mais bela queima de fogos do fim de ano e que fez um PAN de tirar o chapéu, hoje mostra que apesar de lindo e alegre, também é um verdadeiro "produtor" de mosquitos. Então, porque não dizer que aqui se faz o melhor desfile de doentes e blocos de subúrbios a procura dos hospitais. Ah! Tem também as arenas, desta vez não de eventos esportivos, mas sim de atendimentos emergênciais para as pessoas infectadas.




Os cariocas devem continuar com o orgulho de ser carioca? Eu digo que sim, apesar dos políticos jogarem contra e cantarem o samba enredo sem ritmo e sem harmonia. Prova disso é a falta de política pública voltada à saúde. Na hora da crise é que vemos o quanto deixou de ser investido em prevenção e combate ao mosquito Aedes. Será que o PAN, o revellon e o Carvaval são mais importantes que a saúde de uma população? Falo isso, mas não desmereço a importância histórica, econômica e social destes eventos. O Pan-americano que se realizou há poucos meses foi um enorme sucesso para a cidade. Ganhamos estádios, reforço policial e muito mais prestigio internacional. Um detalhe importante: Muitos dos jogos foram realizados onde hoje se encontram os maiores focos do mosquito e concentração de infectados. Aí eu lanço as perguntas: E se os jogos acontecessem hoje? Será que a política de prevenção e os investimentos não seriam feitos de forma diferente?




É importante lembrar que temos que aproveitar esse momento único de "preocupação das autoridades públicas" para fazermos uma reflexão. Uma pergunta que não sai da cabeça dos cariocas: Será que a preocupação maior não é por causa das eleições municipais? Que crueldade! Espero que não seja essa a atitude dos governantes.




Um Rio com a saúde é um Rio com todos os hospitais e postos de saúde funcionando perfeitamente. O que vemos hoje são filas de horas para um atendimento e pessoas morrendo por causa de um mosquito. E isso tudo em pleno século XXI. É inadmissível que um mosquitinho possa ser mais forte que a união de um Exército, Secretarias de Saúde e PACs.




Não consigo acreditar que dezenas de crianças morrem por culpa de uma "pocinha de água" do quintal do vizinho ou de uma plantinha no vaso de uma outra vizinha. As crianças morrem porque não há médicos preparados e nem hospitais com capacidade. Morrem porque não há prevenção da Dengue nas ruas. Morrem porque há descuido das autoridades competentes. Morrem porque o investimento em saúde pública diminuiu. E por fim morrem porque uma parte da sociedade também não leva a sério a prevenção, assim como uma parte dos políticos. Esperamos que como em anos anteriores, essa fase de Dengue passe e rapidamente cesse essa calamidade. Ainda bem que o mosquito "sai fora" em alguns meses e deixa a população em paz. Não devemos deixar que o Pós Dengue seja o retorno do Rio a mercê de uma nova epidemia.




Nos já temos preocupações demais com educação, violência e transporte e isso é fato. A cidade pode ser tão maravilhosa como a canção. Mas, ela acima de tudo tem que ser maravilhosa em cada carioca, em cada criança, em cada turista e em cada ser vivo que tem o privilégio de estar no Rio.




O ano de 2009 será o ano de mudanças para o Rio. A cidade terá um novo prefeito e teremos aí uma grande chance de ver uma luz. Seria uma luz que irradiasse o Rio e mostrasse que os blocos teriam que ser só de foliões, as arenas só de esporte e as crianças só de vida. E, não esquecendo, que mostrasse que o Rio de Janeiro continua lindo... Que o Rio de Janeiro continua sendo... E depois dos PACs será um Rio mais lindo ainda.... Assim esperamos.




E por falar em PACs... Nunca na história desse país se vendeu tanto repelente no Rio.... nunca na história desse país se vendeu tanto inhame no Rio e nunca na história desse país o perfume mais usado pelos cariocas é o OFF. E tenho dito.

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

O Jornalista moderno e sua fé




“Será que o leitor vai gostar do texto? Será que ele vai entender a mensagem? ”Essas são perguntas cruciais que todo jornalista faz assim que conclui um novo trabalho. E conseguir ser entendido já é garantia do sucesso pessoal. Afinal, este é seu maior desafio.
Hoje, os textos de um jornalista mudaram de patamar dentro das novas tecnologias de comunicação. A evolução virtual e a “febre internética” me ensinaram o que nenhuma faculdade ou cursinho poderia lecionar. Aprendi que Deus dá o dom, individualmente e cada ser vai buscando outros para evoluir neste mundo em que o ontem já é século passado. Vou tentar explicar melhor isso, pois se eu não conseguisse, não seria um jornalista com dons apurados. Assim espero!

A faculdade ensina as técnicas, as regras e tudo aquilo que você não deve fazer, mas que de vez enquanto acaba fazendo por falta de opção. A vida vai dando a oportunidade de exercitarmos essas técnicas e Deus vai concedendo o dom. Mas é só isso? Eu me perguntava. Até aí, não vi nenhuma novidade. Sempre foi assim. Que nada, o mundo hoje é outro, as faculdades são outras, o homem é outro, porém o Deus é o mesmo. Aí reside o mistério. Como ser o profissional de hoje, escrever à necessidade do homem moderno e não se distanciar de Deus? Parece fácil, mas para mim foi uma das coisas mais complicadas que encontrei diante da profissão.

O mandamento número 1 do jornalista é não ser tendencioso, o mandamento maior pra ganhar um leitor é escrever sobre o hoje e o de Deus é o amor. Então, está resolvido. É só escrever poemas de amor em meio às noticias. Imaginem quem iria ler frases de amor para saber os assuntos da vida cotidiana, esportes ou de uma guerra. Seria mais do que uma utopia literal. Posso até dizer que poderia ser o fim do jornalismo propriamente dito. Mas, como sempre Deus dá o Dom e o resto deixa por conta do homem. Neste caso eu tomo a decisão.

Com esses valores e com a consciência que sempre me acompanha é que construí o que chamo de kit profissional de sobrevivência na profissão. Seja como jornalista, internauta ou qualquer outra coisa que eu venha a fazer, o importante é não abrir mão daquilo que é politicamente correto na minha opinião. Assim, renasci na profissão, pois diante da internet e da carreira escolhida, vi que dava pra fazer muita coisa boa. E renasci como jornalista-internauta, um cara do novo milênio que não despreza os ensinamentos da infância.

A minha forma de escrever, às vezes, pode até quebrar alguns tabus da comunicação. É complicado estar à frente do meu tempo, refletir idéias originais e escrever com as mão firmes e a consciência tranqüila, tudo aquilo que vem a cabeça sem ser tendencioso. Ainda mais quando discordamos daquilo que fere nossos valores.

Eu quando percebi a necessidade de evolução no meu trabalho, diante da realidade da globalização, tive que rever alguns de meus conceitos. Isto, não foi difícil, porque além do dom de escrever, descobri que tinha também a facilidade de aprender informática. De imediato, percebi que precisaria mudar em decorrência das novas tendências da mídia. A internet veio para mudar o mundo, isto é fato e não discuto com ninguém sobre essa verdade. Então, o negócio é aproveitar o que ela tem de bom e desprezar o que tem de ruim. E como tem coisa ruim neste meio. Mas, o mundo é assim. Não seria diferente o mundo virtual. E por incrível que pareça, só aprendi isso, ao assistir o filme Matrix. Caramba! Precisei ver na telona aquilo que estava na minha cara, ou melhor, em meu computador de casa. Antes, eu pensava que a rede era para pesquisas, imposto de renda e transações comerciais. Que nada, a rede é comunicação. E é o maior meio de comunicação já existentente. Qual outra forma de comunicação é tão rápida e consegue atingir o mundo inteiro com imagens, sons e textos simultâneos? Não tem outra.

Certa vez, viajando nas asas da imaginação, pensei comigo mesmo. Algo raro para um jornalista pensar consigo mesmo, pois o jornalista pensa e escreve para os outros. Mas o meu pensamento era: A internet não mão de Jesus Cristo e dos apóstolos seria algo indescritível em relação ao alcance da Boa Nova. Se com as dificuldades da época, eles provocaram grandes mudanças percebidas até hoje, imaginem o que fariam agora. Com essa linha de raciocínio é que eu tento fazer minha parte, enquanto jornalista e cristão. Penso: ganho o pão, sem esquecer-se Daquele que o repartiu.

É claro que não poderia deixar de falar do outro lado da internet. Assim, como no mundo real, temos o lado bom e o lado ruim das coisas, no mundo virtual há uma gama de “caminhos tortos” e que nos afastam de Deus. Desde criança me diziam que em uma mesma fonte não poderia jorrar água doce e salgada. Às vezes ainda me confundo com essa frase. Digo isto, porque da internet jorra muita coisa do bem, mas também há quem busque nela as coisas ruins e acaba se afogando nelas. Neste caso, o que temos que trabalhar enquanto cristãos, é a formação de nossas crianças diante da modernidade. E, enquanto jornalista tenho que trabalhar a formação da sociedade com um todo. Ual! Essa foi profunda!

Além de meios modernos de comunicação, capacitação profissional e uma consciência que me acompanha desde criança, tive a certeza de que o novo jornalista-internauta precisava também ter uma convicção do solo em que pisava. E disso tudo falado, somente a capacitação era fornecida na faculdade. Portanto, nesta profissão, o que vale agora é ter dom e saber aproveitar da maneira correta aquilo que o homem constrói com a graça de Deus.
Eta responsabilidade! Eu como jornalista-internauta me vejo na obrigação de dizer ao mundo: Há dois caminhos na rede: um que ti abastece de informação e entretenimento sem lhe distanciar de DEUS e outro que resumidamente falando será sua “INFERNET”. A decisão é sua. Isso não muda.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Vagas abertas para Anjo da Guarda




Eu já estava pronto para ir conversar com um anjo e resolver algumas pendências trabalhistas. Para quem não sabe, o anjo tem que desempenhar muito bem suas funções para continuar no cargo. Nas verdade, eu queria era me livrar de um anjo que com o tempo pensou que era humano e resolveu cair na gandaia. Eu queria também era arrumar outro anjo, mas isso é complicado e eu sou por demais exigente na seleção. Queria escapar de tipos com falas grotescas, sem metas, sem cultura e sem ambição. E por aí, fui procurando um profissional que reunisse as habilidades que o cargo exigia.

Como a vaga era para um anjo que acreditasse em seu potencial, respeitasse seu protegido e tivesse um bom currículo, não tive pressa na escolha e decidi que não escolheria com pressa para não contratar anjinhos com diplomas falsos.
Na minha cabeça, eu seria frio e cauteloso na decisão e de repente me vi diante de centenas de currículos. Pensei até em fazer dinâmica de grupo, mas isso está ultrapassado e passado é algo que nem curto lembrar.
Vários foram os testes e entrevistas e nada de aparecer um profissional que atendesse minhas expectativas. Achei que o problema era divulgação e resolvi procurar alguns amigos em busca de indicações. Só recebi indicações problemáticas. Dou até este conselho a vocês: não peçam e nem dêem indicações de anjos. Quem tem um bom anjo não demite, e caso demita é porque não era tão bom. Isso vale para qualquer profissional.
O tempo foi passando e os trabalhos acumulando. O anjo que seria substituído já não cumpria bem suas atribuições e deixava muito a desejar. Eu estava fazendo o meu trabalho e o dele. Não tive outra opção e dei férias sem data de retorno, enquanto eu penso se darei baixa na carteira profissional com ou sem justa causa.
Como a minha vida é muito atribulada, eu sabia que teria que contratar alguém com urgência. Com vários afazeres semanais, tais como reuniões, palestras e seminários eu nem tinha de pensar em um novo anjo. Resolvi então deixa pra lá e parei de aceitar currículos. Era um saco, pois vivia com a caixa de e-mail lotado de currículos sem conteúdo, sem contar com as mensagens na caixa do celular. Pensei comigo mesmo: o problema desse ser meu. Devo ser um protegido muito exigente ou muito centralizador.
Nesse intervalo de tempo, apesar do corre-corre da vida, encontrei com o meu antigo anjo da guarda num shopping e vi que ele até que parecia estar curtindo muito esse momento de descanso. Achei até que de repente era isso que ele necessitava: férias. Pensei até em chamá-lo de volta, mas me contive e lembrei de seus últimos vacilos profissionais. Depois deste dia, resolvi mudar os critérios e retornar a caça a um bom anjo de guarda.
Às vezes tenho idéias originais e uma delas fui eu mesmo virar um caçador de talentos. Para isso, tive que largar alguns afazeres que eu tinha delegar outras e mudar um pouco a rotina. A principio, as mudanças foram em vão. Mas com o tempo eu já estava tão calejado que resolvi para de procurar até mesmo por cansaço.
Passaram alguns meses e o trabalho aumentando. Uma das funções do anjo da guarda é trazer sorte e despertar consciência ao protegido e isso já estava fazendo falta em minha carreira. Resolvi de imediato que para atender a demanda de serviço acumulado já não poderia ser um anjo viciado ou com asas cansadas. Teria que ser um anjo com super poderes. Aí, a escolha foi quase impossível.
Um dia , já no ápice do desespero e convencido de que os anjos não estavam evoluindo de acordo com o mercado, esbarrei com um anjo diferente. Daqueles do tipo que nem sabe o seu potencial angelical. Quando bati o olho, foi de primeira. Essa criatura é a certa para a vaga. Então, fiz uma proposta de contrato de experiência só pra ver se a criatura dava conta do recado. Não é que o “projeto de anjo”, com todo respeito deu um show de eficiência em curto espaço de tempo. A contratação foi algo certo e não tinha outra opção. Ela não teve regalia e nem QI e teve que passar por todas as fases. A única diferença é que a criatura não buscava esse trabalho. Consegui convence-lo de que ser anjo pode não ser tão fácil, mas é algo recompensador. Afinal, você ajuda alguém a esse mérito ninguém tira. Às vezes, para isso é só dizer um bom dia.
Eu não espero um anjo da guarda 100% eficiente, mas até este conseguiu me surpreender. A fase de adaptação ao novo trabalho acabou e resolvi assinar a sua carteira. Claro, que este anjo tem lá seus defeitos, custei a descobri-los. Eu suponho que ele tenha faltado a algumas aulas da faculdade dos anjos. As vezes, a criatura consegue chegar ao extremo de me transformar em seu anjo. Pasmem! Tenho que virar anjo, nessa altura do campeonato, mas até que a criatura merece. Mas, sinceramente, eu não sabia que anjos precisassem de anjos da guarda. Porém, essa criatura é especial. Diferentemente, de todos os anjos que entrevistei para o cargo e que ninguém percebe que são anjos, esse anjo recém-contratado se entrega no olhar. Torço pela criatura continuar no cargo, afinal a sua proteção é valiosa. Acho que o salário oferecido e a amizade adquirida contarão na sua decisão. Mas uma coisa é certa: acabei me especializando em “coaching angelical”.



segunda-feira, 10 de novembro de 2008

A alegria de encontrar você








Era noite de muita chuva. Eu caminhava, sem rumo e sem vontade de voltar. A única coisa que eu buscava era a felicidade. Mesmo se quisesse voltar, já era tarde demais. O corpo estava cansado e faltavam energias para continuar de pé. Resolvi então, parar em baixo de uma árvore para me proteger da chuva e de repente me vi num lugar em que pensava conhecer, mas não sabia de onde. Fiquei ali parada por alguns instantes até que a chuva cessou. Em questão de minutos surgiu um grande clarão no céu. Era noite de lua cheia e a ela estava presa timidamente entre as nuvens. O céu estava lindo e infinitas estrelas ajudavam a decorar aquele cenário inesquecível.

Naquele dia, eu pensava que tudo estava perdido. Aquele desespero e a vontade de sumir foram aos poucos sendo substituídos pela paz e pela força de viver. Percebi que algo em mim tinha mudado. Ainda não sabia o que havia acontecido, mas tive a certeza que a Lua tinha alguma responsabilidade sobre aquilo.
Fiquei ali contemplando as estrelas e esperando a Lua nascer exclusiva pra mim. Lembro-me que antes de fugir, eu me encontrara preso sob a luz do Sol. No início eu gostava do Sol, mas ele com o tempo foi ficando quente demais e me enfraquecendo com sua alta temperatura. Descobri que eu era proibida de ver a noite. Quem me prendia sabia que minhas forças viriam das noites enluaradas e por isso durante anos ele me isentou desta chance de ganhar vida nova.

Em pouco tempo eu já estava abastecida de energia suficiente para continuar meu caminho em busca da felicidade. Fui caminhando por uma rua deserta quando vi algo se mexendo perto de um arbusto. Fiquei com medo e resolvi espiar de longe aquela criatura. Mesmo distante, percebi que era um jovem que estava gemendo e inconsciente. A minha vontade de ajudar era tão grande que me aproximei e tentei reanima-lo. Eu não sabia o que fazer, pois o jovem estava muito fraco e não conseguia falar o que acontecera. Resolvi pega-lo no colo e leva-lo comigo para tentar salvar sua vida.

Em poucos minutos, percebi que seu coração voltara a bater intensamente e ele parecia estar acordando de um sono profundo. Quando o vi de olhos abertos, perguntei se estavas bem e um sorriso veio como resposta. Rapidamente, ele foi melhorando e constatei que minha energia estava revigorando suas forças. Ele custou a falar e quando queria me dizer algo, usava os olhos. Custei a entender o que estava acontecendo.

Após algumas horas fui percebendo que ele sentia a mesma coisa que eu senti quando corríamos desesperadamente sem destino. Nós dois estávamos sob o comando de algo desconhecido até então. Ele me confidenciou que também ficara preso, porém ele era proibido ver o Sol. Conversamos durante um tempo e cada um foi revelando ao outro o que eram proibidos de ver. Eu pude esclarecer para ele sobre os raios solares e ele me falava das fases da lua. Foi um dialogo muito importante para nós. Era a nossa oportunidade de conhecer o desconhecido.

Fui tentando decifrar aquilo tudo que estava acontecendo, mas a única coisa que eu descobri era que nós dois não estávamos ali por acaso. Concordamos, mas de inicio não queríamos aceitar a idéia de que a prisão era necessária. Em nossas respectivas vidas aprendemos várias coisas que pareciam em vão. Isso dava medo, pois estávamos perdidos e sem referência. Dois desconhecidos e cada um com uma força diferente e necessária para ajudar o outro.

Ficamos ali, parados olhando para o céu. Esperávamos coisas distintas. Eu precisava da Lua e ele do Sol. Tivemos a impressão que um de nós dois sairia prejudicado. Afinal, a Lua estava presa pelas nuvens e meu corpo não agüentaria esperar mais 24 horas. E ele ficaria muito desabilitado se aguardasse o Sol que só iria aparecer ao amanhecer. O silencio dominava a situação e aqueles momentos que seriam novamente para tristeza, foram de muita esperança. Tínhamos a certeza de que não estávamos ali sem motivo.

O tempo foi passando e estávamos muito fracos e o frio foi dominando nossos corpos. Resolvemos nos encostamos e um foi aquecendo o outro com a temperatura do corpo. Ao abraçá-lo, senti uma forte atração por ele. Sentíamos que a nossa pele teve um contato mágico e quando percebemos estávamos trocando os mais prazerosos carinhos que um casal poderia trocar. Não tínhamos muita força, mas a vontade de estar junto era tão grande que descobrimos que algo diferente estava acontecendo conosco. Quando olhamos olhos nos olhos nos falamos por eles e sem pronunciar uma palavra entendemos que era um encanto muito forte. Tão forte que sabíamos que fisicamente não duraria muito tempo, mas que se repetiriam com o tempo. Aquele momento era nosso. Não sabíamos quem morreria por falta de energia, mas tínhamos a certeza de que um cederia energia ao outro até o último instante. Ninguém tinha o direito de roubar aquele momento. Nem mesmo quem nos tinha prendido.

Quando estávamos novamente muito enfraquecidos e quase desistindo de tudo, nos abraçamos novamente e ficamos assim olhando um para o outro tentando descobrir porque tinham feito aquilo conosco. Num abraço mais apertado descobri que algo diferente acontecia com nossos corpos. Estávamos muito excitados e com um desejo forte de possuir um ao outro. Não conseguíamos dominar essa situação e mesmo fracos começamos a nos amar ali mesmo. Eu chorei de felicidade e ele dava gargalhadas de alegria. Por alguns instantes ficamos distraídos com a situação e quando percebemos estávamos nus e expostos à luz do Sol e da Lua e sob o comando dos mesmos. O Sol e a Lua precisavam se encontrar para juntos somar suas energias. Pensávamos que tudo era um sonho. Mas, quando abrimos os olhos, descobrimos prazerosamente que acontecera um lindo eclipse.

sábado, 8 de novembro de 2008


Poema ou música não sei ainda. Foi feito por um velho conhecido.



Deixa eu ter de volta um Lord


Deixa eu te dar um tempo pra ver se você quer ficar comigo.

Deixa eu ser seu abrigo ou prefere ficar sem proteção.

Deixa eu te dar um futuro e não te cobro nada.

Deixa eu ficar sozinho mas não me impeça o telefone.

Deixa que o tempo cuide ou até que faça me mandar embora.

Deixa deixa essa porta aberta pra eu não precisar entrar pela janela.

Deixa um minuto eu pensar que voce pensa em mim.

Deixa eu ter motivos para sonhar que o tempo voltou.

Deixa eu pensar que ter você é mais que opção.

Deixa eu descobrir que não sei viver sozinho.

Deixa eu saber que seria tão melhor vivermos nós.

Deixa eu ser seu castigo e te ensino a me perdoar.

Deixa eu ser sua sorte e te fazer um futuro.

Deixa a nossa história virar um livro.

Deixa que o último capitulo se torne um final feliz.

sábado, 11 de outubro de 2008

A POMBA ROLA



Eu até pouco tempo pensava que era uma cara normal, bacana e amável. Desses que todos querem ter como amigo. Um amigo do tipo que podemos até chamar de irmão. Um dia percebi que além de ser um cara normal, bacana e amável, eu também precisaria ser forte. Muito forte. Forte pra agüentar as porradas que a gente leva. Não as porradas braçais, mas as que vêem com a força das palavras. Porradas pronunciadas. Mas não são quaisquer palavras. São aquelas ditas por pessoas que não esperamos que fossem tão corajosas ou até loucas pra fazer isso com a gente. E não pessoas estranhas. São justamente ditas por pessoas que até certo ponto são bem conhecidas. Mas uma pessoa assim, não passa de pessoa e certamente não tem o prazer de me ouvir chamar de amigo, irmão, ou algo parecido. O máximo que poderá ouvir é um "tudo bem", "bom dia" etc, porque educação é sempre bem vinda.


Essa é uma das muitas histórias que acontecem comigo. Mas, como qualquer outro tipo de decepção, essas coisas passam e só restam os aprendizados. Saio fortalecido, bem disposto e seguro que sou um cara normal, bacana e amável. Não dá boca pra fora. Sou do tipo que dizem por aí "sou amigo mesmo não estou te dando mole". Antes que me perguntem, vou logo falando: Não sou assim com todos sou assim com quem amo, com quem chamo de amigo, irmão, ou algo parecido.


Na verdade, eu estava é P%&$## com uma pessoa. Agora, não estou mais porque abstrai. Esqueci as palavras que ouvi dessa pessoa, ou melhor, as porradas que levei dela. Como sou atualizado com o vocabulário do momento. Posso dizer que fechei os olhos e imaginei que a pessoa foi abduzida. Levada por alienígenas pra um passeio bem longe de mim. E nesse meu louco pensamento, até imaginei a pessoa sendo utilizada como cobaia por esses seres extraterrestres. Viajei legal no pensamento. Não me lembro quais experiências esses seres fizeram com a pessoa, mas dentro desse meu mundo imaginário de um escritor que ficou P%&$##, posso garantir que a transformaram em um ser penoso, com asas cinza e bico curto. Não sei se me enganei, mas parecia uma pomba rola.


Dizem que a pessoa que é abduzida, quando retorna ao planeta, não lembra do que aconteceu. Eu estou com receio que essa pessoa, quer dizer a pomba rola não encontre o caminho de casa, o melhor a sua casinha de pombo.